domingo, 15 de julho de 2012
Nossa
Senhora do Carmo
Regra de vida – Ordem Terceira do Carmo –
Sodalício de Salvador (BA)
A Virgem do Santo Escapulário
Os primeiros carmelitas, em fins do século XII depois de
Cristo (mais de dois mil anos depois da vida do profeta Elias) decidiram formar
uma comunidade no Monte Carmelo. O Monte Carmelo é conhecidíssimo pela sua
beleza, o nome significa "jardim". Os primeiros monges eram cavaleiros
cruzados, que cansados da violência e injustiça daquelas guerras para
conquistar a Terra Santa das mãos dos mouros, ali se refugiaram, sedentos de
uma vida mais autenticamente evangélica. Atraídos ao Monte Carmelo, pela fama
e tradição do profeta Elias, ali fundaram uma capela e em torno dela construíram
seus quartos ou "celas". Isto foi por volta de 1155, dedicaram-se a
uma vida de penitência e reparação pelos abusos dos cruzados; exercitavam-se
na prática da oração e união com Deus e a trabalhos manuais. Escolheram
Elias como Pai Espiritual e exemplo de vida monástica de oração e testemunho
Profético em meio a um mundo dominado pelas injustiças.
Dedicaram a capelinha à Virgem Maria e sob sua proteção
dedicaram-se à imitação de suas virtudes, procurando levar uma vida fixa
em Deus. Chamaram
a Maria "Senhora" do lugar, segundo os costumes feudais, e renderam a
Ela serviço de dedicada doação dos primeiros carmelitas: Homens simples, irmãos,
sem muita instrução. Os peregrinos e cruzados que os visitaram, começaram a
chamá-los IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO. Receberam
este titulo por causa da capela dedicada a Maria; figura central na vida
daqueles monges, que levavam uma vida contemplativa, a serviço do Senhor, a
exemplo de Elias.
ORGANIZAÇÃO
Mais ou menos no ano de 1209, os irmãos decidiram
formalizar a sua vida, pedindo uma Regra de vida ao bispo Alberto, patriarca de
Jerusalém, homem piedoso e conhecido pela sua sabedoria e prudência. Alberto
levando em consideração as tradições deste pequeno grupo de monges,
escreveu-lhes uma Regra muito simples, que os Carmelitas observam até hoje. Com
o tempo, quando já na Europa, viajaram a Roma para apresentar ao papa o pedido
de aprovação da nova Ordem. No ano de 1226, o Papa Honório I1I concedeu a
aprovação oficial da Igreja à ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM
MARIA DO MONTE CARMELO. É este o titulo com que a ordem se apresenta até os
dias de hoje. Com esta aprovação os irmãos viveram a sua vida de oração e
trabalho, com o ideal de se unir continuamente ao Senhor, a dia todo e em cada
obra, a exemplo de Elias, seu Pai Espiritual, e de sua Mãe e protetora, a
Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe do Carmelo.
A sua tranqüilidade foi interrompida por ocasião
da segunda investida dos mouros, por volta do ano de 1235. Os mouros retornaram
a Terra Santa movendo feroz perseguição contra os cristãos. Os carmelitas
dividiram-se em dais grupos: um, que Permaneceu no Monte Carmelo; os monges
foram massacrados e o mosteiro incendiado; o segundo grupo refugiou-se na Sicília,
Creta, Itália e finalmente na Inglaterra, no ano de 1238.
A APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA
AYLESFORD – INGLATERRA
Na Inglaterra, os irmãos fundaram um mosteiro em Aylesford,
onde procuraram imitar a vida do deserta do Monte Carmelo. È um lugar de beleza
natural, próprio para a prática da oração e a vida de reflexão e meditação.
Aqui começa uma nova época da vida dos irmãos dá Virgem Maria.
Na Inglaterra, eles não foram aceitos pelos demais
religiosos e eclesiásticos. Vindos de um deserto da Palestina, com suas tradições
e hábitos distintos, os outras os menosprezavam dizendo que a Europa já possuía
muitas ordens religiosas e não precisava de mais uma. Era uma situação
desesperadora para os frades, corriam outra vez o risco de se extinguir como
ordem religiosa: primeiro foram os mouros, agora os religiosos. Mas a que os
carmelitas queriam era tão somente viver em paz e continuar a sua vida de oração
e trabalho. Lutaram de novo pela sua sobrevivência.
Imitando o
exemplo dos primeiros Irmãos, o Prior Geral dos Carmelitas, São Simão Stock,
recorreu à oração. S. Simão era um homem considerado por todos os Irmãos
como um homem de intensa oração, de entrega total, devoção e amor á Mãe do
Carmelo, a Virgem Maria. Diz a tradição: na noite do dia 16 de julho de 1251,
Simão, mergulhado na oração, dirigiu-se a Virgem Maria e pediu-lhe o
"privilégio feudal" a proteção da "Senhora" sobre seus
vassalos em tempos de perseguição e dificuldades. Pediu-lhe que ajudasse a
seus irmãos, porque estes sempre se mantinham fiéis a seu serviço e agora
necessitavam de sua ajuda. Neste momento, segundo a tradição, rezou esta
famosa oração que até hoje os Carmelitas cantam solenemente nas festas:
"Flor do Carmelo, vide florida.
Esplendor do Céu. Virgem Mãe
incomparável.
Doce Mãe, mas sempre Virgem,
Sede propicia aos carmelitas, Ó
Estrela do Mar".
Durante esta oração, apareceu-lhe a própria Virgem
Maria, rodeada de anjos. Entregou-lhe a Escapulário que tinha em suas mãos e
disse.lhe:
"Recebe, meu filho muita amado, este Escapulário de
tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas:
quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança,
salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno".
Depois disto, Simão chamou todos os frades e explicou o
que havia acontecido. Acrescentaram o Escapulário ao hábito e começaram a
cantar esta maravilhosa aventura da Virgem Maria para ajudar os carmelitas. De
toda a Inglaterra, o povo dirigia-se aos carmelitas, pedindo o Escapulário,
para poder compartilhar deste favor, de Maria e gozar de sua proteção.
Terminou a perseguição, dai por diante ninguém mais se atrevia a molestar a
tranquilidade da Ordem favorecida pela própria Virgem Maria. Forçosamente
tinham que aceitar os Irmãos dela.
Atentas á nova realidade ambiental, os Irmãos de Maria
começaram a adaptar-se a cultura européia. Mantiveram sempre as suas tradições
de oração e união com Deus, e aceitaram pela primeira vez apostolados ativos.
Assumiram paróquias e pregaram o evangelho por toda a parte. Mudaram a capa
listada por uma capa inteiramente branca, símbolo do Batismo e da alegria da
Ressurreição. E ainda hoje, nas festas, os carmelitas conservam esta capa
branca. A fama da ordem cresceu em toda a Europa, cresceu o número de vocações
carmelitas e despertou-se o espírito de zelo pela vida religiosa.
Adaptaram o Escapulário grande à uma forma mais pequena
para o povo, e muitos começaram a usá-lo, como, sinal de amor a Virgem Maria e
símbolo de vida cristã fixa em Deus.
O ESCAPULÁRIO, UM SINAL MARIANO
O escapulário é um sinal aprovado pela igreja e aceito
pela Ordem do Carmo como manifestação extrema de amor a Maria, de confiança
filial nela e do compromisso de imitar a sua vida. A palavra "escapulário"
indica uma vestimenta que os monges usavam sobre o hábito religioso durante o
trabalho manual. Com o tempo assumiu um significado simbólico: o de carregar a
cruz de cada dia, como os discípulos e seguidores de Jesus.
Em algumas Ordens
religiosas, como no Carmo, o Escapulário tornou-se um sinal da sua identidade
e vida. O escapulário simbolizou o vínculo especial dos carmelitas com Maria a
Mãe do Senhor, que exprime a confiança na sua materna proteção e o desejo de
imitar a sua vida de doação a Cristo e aos outros. Transformou-se assim num
sinal mariano.
O VALOR E O SIGNIFICADO DO ESCAPULÁRIO.
O escapulário funda as suas raízes na tradição da
Ordem, que o interpretou como sinal da protecção materna de Maria. Contém em
si mesmo, a partir desta experiência plurissecular, um significado espiritual
aprovado pela igreja:
representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o
modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo. Este compromisso tem a sua
origem no batismo que nos transforma em filhos de Deus.
Por ele a Virgem Maria nos ensina a:
·
viver abertos a Deus e à sua vontade,
manifestada nos acontecimentos da vida;
·
escutar a palavra de Deus na Bíblia e
na vida, a crer nela e a pôr em prática as suas exigências;
·
orar em todo momento descobrindo Deus
presente em todas as circunstâncias;
·
viver próximos aos nossos Irmãos na
necessidade e a solidarizar-se com eles.
·
introduz na fraternidade do Carmelo,
comunidade de religiosos e religiosas, presentes na igreja há mais de oito séculos,
e compromete a viver o ideal desta família religiosa: a amizade íntima com
Deus através da oração.
·
põe-nos diante do exemplo das santas
e dos santos com os quais estabeleceu uma relação familiar de Irmãos e irmãs.
·
Exprime a fé no encontro com Deus na
vida eterna pela intercessão de Maria e sua proteção.
NORMAS PRÁTICAS:
·
O escapulário é imposto só uma vez
por um sacerdote ou uma pessoa autorizada.
·
Pode ser substituído por uma medalha
que represente de uma parte a imagem do Sagrado Coração de Jesus e da outra, a
Virgem Maria.
·
O escapulário compromete com uma vida
autêntica de cristãos que se conformam às exigências evangélicas, recebem
os sacramentos, professam uma especial devoção à Santíssima Virgem, expressa
ao menos com a recitação diária de três Ave Marias.
FÓRMULA BREVE PARA IMPOSIÇÃO DO
ESCAPULÁRIO
Recebe este escapulário sinal de união especial com
Maria, a Mãe de Jesus, a quem te empenharás
em imitar. Este
escapulário te recorde a tua dignidade de cristão a tua dedicação ao serviço
dos outros e à imitação de Maria. Usa como sinal da sua proteção e como
sinal da tua pertença à família do Carmelo, disposto a cumprir a vontade de
Deus e a empenhar-te no serviço pela construção de um mundo que responda ao
seu plano de fraternidade, justiça e paz.
O ESCAPULÁRIO DO CARMO NÃO É:
·
Um sinal de proteção mágica, um
amuleto;
·
Uma garantia automática de salvação;
·
Uma dispensa de viver as exigências
da vida cristã.
·
É UM SINAL:
·
Aprovado pela igreja há sete séculos;
·
Que representa o compromisso de seguir
Jesus como Maria:
·
abertos a Deus e à sua vontade;
·
guiados pela fé, pela esperança e
pelo amor;
·
próximos dos necessitados;
·
orando em todos os momentos e
descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;
·
que introduz na família do Carmelo;
·
que alimenta a esperança do encontro
com Deus na vida eterna pela proteção de Maria e sua intercessão.
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