quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

As Virtudes de Nossa Senhora




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Profunda Humildade

Na vida de Nossa Senhora: Haverá alguém com mais motivo para aparecer do que Nossa Senhora? Entretanto, a sua humildade se confunde ao próprio silêncio e escondi mento em todos os seus atos. Esta humildade, de querer apenas ser serva do Senhor esmaga a cabeça do demônio.
Maria Santíssima, nunca esqueceu que tudo nela era dom de Deus. Esperava em segredo, as incompreensões de São José. Guardava em seu coração as graças e favores divinos com que era agraciada por Deus. Ela oferecia ao Senhor os louvores que recebia. Ela se alegrava em servir ao próximo e a se colocava sempre em último lugar. Não teve medo de comparecer ao Calvário, onde foi reconhecida como a mãe de um condenado. 
Forma que devemos agir nesta virtude: Mesmo sendo possuidor de múltiplas virtudes, o indivíduo deve pedir a graça sempre da humildade, para entender que as temos pela graça de Deus. Pois com nossos esforços só temos o pecado. Esta humildade significa modéstia, compostura, ausência de vaidade.
Simplicidade na maneira de se apresentar. Comedimento na forma de referir-se a si próprio. A pessoa pode conhecer sua força e poder, e apesar disso, não precisa aparecer perante os outros. Devemos reprimir, os secretos impulsos e venenos do orgulho. Pense, você pode anular-se para resplandecer a glória de Deus.

Fé Viva

Na vida de Nossa Senhora: Foi pela sua fé que Maria foi proclamada bem-aventurada por sua prima Isabel. Na Paixão de Jesus, os discípulos foram tomados por dúvidas e somente a Virgem Maria se manteve firme na fé, diz Santo Alberto, o Grande. «A fé é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, uma virtude».
Nossa Senhora: Viu Jesus no estábulo de Belém e acreditou que era o Filho de Deus; Viu-O nascer no tempo e acreditou que Ele é eterno; Viu-O finalmente maltratado, crucificado e creu que Ele realmente tinha todo poder. Maria reconhecia acima de si Deus, como único incapaz de se enganar ou nos enganar. 
Forma que devemos agir nesta virtude: Compreendamos que o homem não pode de si mesmo crer e confiar em Deus. Isto é: por si só. O homem, sem o auxílio divino nunca terá fé, porque a fé é um Dom de Deus.
Somente quem conhece Jesus conhece também o Pai. Por isso devemos ouvir a palavra de Jesus Cristo, que é o Evangelho, e nas nossas orações sempre meditar e pensar na sua vida, paixão, morte e ressurreição. Foi a Santa Igreja Católica que recebeu de Deus autoridade para nos ensinar tudo àquilo que Deus nos revelou. Devemos obedecer à Igreja, seguir seus mandamentos, doutrina, no catecismo e nas leituras. Devemos participar de encontros, ouvindo atentamente o palestrante, como também participar da Santa Missa atentos à homília do padre.

Obediência Cega

Na vida de Nossa Senhora: O Cristo nos deu este mandamento: amarás o Senhor Deus de todo o teu coração e a teu próximo como a ti mesmo. Maria, Mãe dos patriarcas, cumpriu plenamente este duplo preceito.
Santo Irineu dizia que a Virgem Maria, tornou-se através de sua obediência, a origem da salvação, tanto para si mesma quanto para toda a raça humana.
Durante toda a vida Nossa Mãezinha respeitava e obedecia as autoridades, pois sabia que toda a autoridade vem de Deus. 
Forma que devemos agir nesta virtude: O Catecismo da Igreja Católica indica que a obediência é a livre submissão à palavra escutada, cuja verdade está garantida por Deus, que é a Verdade em si mesma.
Esforcemos-nos para obedecer a requisitos ou a proibições. A subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de uma instrução, o cumprimento de um pedido o a abstenção de algo que é proibido, nos faz crescer. A figura da autoridade que merece obediência pode ser, uma pessoa ou uma comunidade, mas também uma idéia convincente ou uma doutrina. É verdade que o superior deve exercer suas autoridades, apenas como um servo de Deus, não contrariando seus princípios em mentira, roubo ou blasfêmias. Que rezemos pelos superiores.

Ardente Caridade

Na vida de Nossa Senhora: Não devemos amar nossas fraquezas, nossos pecados, mas sim aquilo que em nós manifesta a grandeza e a bondade de Deus. É claro que só coisas boas, brotavam no coração de Nossa Senhora. Isto a fez a mais recheada na virtude da caridade. A vida da Rainha dos Anjos, já refletia esta dom. Ela se entregou ao serviço do templo, desde aproximadamente seus três anos, e nesta ocasião, já estava pronta e sem reserva. Ela amou em intensidade e duração a Deus, e por Ele, nunca deixou de amar os filhos que recebera na cruz. O amor por Deus e pela humanidade traspassou de tal modo sua alma, que não ficou parte alguma em seu ser que não tivesse se doado inteiramente à causa divina. Sua caridade chegou ao ponto, de nos do ar Jesus, seu Divino Filho.

Forma que devemos agir nesta virtude:
A Caridade é um sentimento, mas também uma ação de ajudar o próximo sem buscar qualquer tipo de recompensa. Amor ao próximo; bondade; benevolência; compaixão. Não deixa de ser, dar esmola, mas deve ir muito além da esmola material. Deve-se dar atenção a família. Diz respeito ao trato com as pessoas da comunidade. A caridade é doar-se, assim como Maria se doou, assim como Jesus, enquanto homem entregou-se aos algozes para que se cumprisse o plano de Redenção. Daí a caridade ser a essência do cristianismo e deve ser, portanto, a marca de todo católico.
Contínua Oração
Na vida de Nossa Senhora: Nossa Senhora em suas aparições sempre nos exortou a respeito da oração. As coisas irão bem se reza e irão mal se não se reza.  Maria de Deus engrandeceu ao Senhor não só com palavras, mas com a alma. Ora em espírito e em verdade no encontro com sua prima. Minha alma glorifica ao Senhor. Esta foi uma das frases de Nossa Senhora. Mas havia um sentido. Ela experimentou a presença do Altíssimo em seu interior. Ela reconhecia, era grata e queria retribuir tudo ao seu Senhor.  Nas Bodas, além Dela demonstrar sua confiança na oração de pedido, fez com que os discípulos também acreditassem. Estes discípulos no cenáculo também recorreram à oração de Maria na vinda do Espírito Santo. 
Forma que devemos agir nesta virtude: A continua Oração vai desde uma oração ordinária, pouco exigente, como: as jaculatórias, oração ao se acordar e ao dormir, ainda quando se está na mesa, mas deve se estender em vida. Entenda como um “espírito de oração”. É uma vida interior no exercício da presença de Deus.
Jesus, no Evangelho, diz-nos que devemos rezar sempre; o que significa estarmos como que revestidos do espírito de oração, tal como o hábito reveste o corpo. Saibamos cumprir a vontade de Deus a cada momento e aproveitar o nosso tempo, lembrando-nos das palavras de São Paulo: "Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai". (Cl 3,17).

Pureza Divina

Na vida de Nossa Senhora: Esta preciosa virtude leva o homem até o céu, pela semelhança que ela dá com os anjos, e com o próprio Jesus Cristo. Dizei-me, então, o que significa a Assunção de Nossa Senhora.
O esplendor da Virgindade da Mãe de Deus, fez dela a criatura mais radiosa que se possa imaginar. O dogma de fé na Virgindade Perpétua na alma e no corpo de Maria Santíssima envolve a concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, assim como sua maternidade virginal. Para resgatar o mundo, Cristo tomou o corpo isento do pecado original, de Maria de Nazaré. Constatamos que, a Virgem Santa fazia tanto questão de sua pureza, que Ela não queria consentir em ser Mãe de Deus antes que o anjo lhe tivesse assegurado que Ela não a perderia. Mas, tendo lhe dito o anjo que, tornando-se Mãe de Deus, bem longe de perder, seria ainda mais pura e mais agradável a Deus.  Na aparição de Fátima, Nossa Senhora disse que os pecados que mais mandam almas para o inferno, são os pecados impuros. Não que estes sejam os mais graves, mais os mais frequentes. Não imaginemos Nossa Senhora como uma santinha ingênua e alienada, que não conhece nada da vida.

Forma que devemos agir nesta virtude:
Os olhos são os espelhos da alma. Quem usa seus olhos para explorar o corpo do outro com malícia perde a pureza. Assim, coloque seus olhos em contemplar os olhos de Deus, por exemplo, na Eucaristia, e receba a luz que santifica. Os casados são chamados a uma castidade conjugal que é um dever de todos os esposos cristãos. Nem tudo que um casal pode fazer, convêm! Satanás vem entrando no lar, sem ser visto, como nos contraceptivos, nos abortos depois levando ao divórcio "A pílula anticoncepcional vem do Inferno, dizia Pe. Pio, e quem usa comete pecado mortal". E ainda: "Para todo bom casamento o número dos filhos é estabelecido por Deus e não pela vontade dos esposos", e ainda: "Quem está na estrada do divórcio, está na estrada no Inferno". Pior ainda para quem cometer o crime do aborto! Que abram bem os olhos os esposos cristãos! Profanar o sacramento do matrimônio nunca acontecerá sem castigos e maldições sobre as famílias. Se lembrem bem que com Deus não se brinca! (cf. Gl 6,7).

Mortificação Universal

Na vida de Nossa Senhora: Muitos recorrem às mortificações, como uma virtude, que faz reparar uma ofensa feita a Deus com o pecado. Contudo atos penitencias, podem ser praticados em favor de si ou dos outros. Maria Santíssima teve uma vida de sacrifícios por nossas culpas, para que tivéssemos a salvação. Suas primeiras penitencias, era cumprir fielmente os próprios deveres de Mãe de Deus, já que, fazer outras omitindo estas, seria secundário, ignorando o principal.
Nossa Mãe revela em Fátima: «Muitas almas vão para o inferno, porque não tem quem se sacrifique e ore por elas»
Haverá mãe, que amou a seu filho, mais que Maria amou a Jesus? Era-lhe Jesus, Filho e Deus ao mesmo tempo, e Ela na força divina foi capaz de entregá-lo aos braços do Espírito.
A Imaculada Conceição no caminho do calvário teve de ouvir injúrias contra seu Amaríssimo Jesus. Que martírio lhe não causou a vista dos cravos, dos martelos, das cordas, dos instrumentos da morte do Filho!  
Forma que devemos agir nesta virtude: A mortificação é uma antiga prática cristã que consiste em realizar um sacrifício mental, que é interior, quando se refere ao sacrifício no âmbito da inteligência e da vontade. Ou pode ser físico, que é corporal, pois se refere ao sacrifício dos sentidos. Ambas as finalidades por amor a Deus com o objetivo de se unir à paixão e à cruz de Jesus Cristo e assim, participar da Redenção. São João da Cruz sobre isto escreveu: Jamais, se queres chegar a possuir a Cristo, o busque sem a cruz.
É um meio de ajudar as pessoas a levar vidas virtuosas e santas.
É necessário fugir do excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecer alguns sacrifícios a Deus, seja no comer, (renunciar de algum alimento que se tenha preferência ou simplesmente esperar alguns instantes para beber água quando se tem sede), nas diversões (televisão principalmente), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo.  É indispensável sorrir quando se está cansado, terminar uma tarefa no horário previsto, ter presente na cabeça problemas ou necessidades daquelas pessoas que nos são caras e não só os próprios. 

Paciência Heroica

Na vida de Nossa Senhora: Paciência é a virtude que se busca manter o controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo.
É certo pedir a intercessão a Rainha dos Mártires para obter a paciência, pois Ela viveu com a espada transpassada em seu coração, mas soube aceitar com paciência heroica este punhal em sua alma. Nossa Mãe soube suportar, com resignação e tranqüilidade, todos os incômodos, sofrimentos e dores permitidas por Deus, durante sua vida.
Muitos momentos estressastes, de fadiga e de angústia, Ela passou como prova de seu abandono em Deus. Na gravidez, em Belém, no Egito, no momento que havia perdido Cristo aos 12 anos... Vendo Jesus, na cruz com sede, todo ensanguentado. A tolerância, de Nossa Senhora é surpreendente. Ela nunca perdeu o respeito, mesmo para quem confessava não acreditar no seu Filho. A Nossa Mãe, que é a Mãe da Igreja tem a capacidade de persistir, de aguardar em paz aquilo, que ainda não se tenha obtido, acreditando que irá conseguir, pela espera em Deus. 
Forma que devemos agir nesta virtude: Temos a capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa?
Ser paciente não é só ser educado, é saber agir com calma, liberto da ansiedade. A paciência também é uma caridade quando praticada nos relacionamentos interpessoais.
Quando você percebe que a impaciência vem chegando, você procura falar primeiro com Deus, ou com as pessoas envolvidas na situação? Numa crise de impaciência, você grita, ou faz o esforço de se calar?
Às vezes é melhor sair, de perto do atrito, e de rezar bem devagar alguma oração, como por exemplo, o Pai-Nosso... seja feita a vossa vontade..., perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...e já com a alma mais tranquila, poderemos discernir o que nos convém fazer. Espere pelo dia seguinte, ou mais tempo ainda.
Devemos nos propor, firmemente não nos queixarmos da saúde, do calor ou do frio, do abafamento no ônibus lotado, do tempo que levamos sem comer nada...
Temos que renunciar frases típicas, que são ditas pelos impacientes: “Você sempre faz isso!”, “De novo, mulher, já é a terceira vez que você...!”, “Outra vez!”, “Já estou cansado”.
O transito é campeão onde as pessoas perdem a paciência. Por isto evite, buzinar na rua quando alguém reduz a marcha do veículo e estaciona inopinadamente; nunca olhe para a cara do “agressor”, do motorista “barbeiro”. Continue serenamente o seu percurso sem ficar sabendo se era homem ou mulher, jovem ou velho: vai ver que é difícil ficar com raiva de uma sombra indefinida; e se, além disso, passada a primeira reação, se lembra de rezar ao Anjo da Guarda por ele/ela, para que se torne mais prudente, mais hábil.

Doçura Angélica
Na vida de Nossa Senhora: Se a doçura não tivesse feito parte da vida de Nossa Senhora, não poderíamos invocá-la como Augusta Rainha dos Anjos. Ser angélico é uma característica própria do anjo, por ser puríssimo e imaculado. Contudo, a Virgem Maria, enquanto criatura, também foi constituída de tais graças. Ela recebeu o poder e a missão de esmagar a cabeça de Satanás. Ela pode clamar as Legiões Celestes, que estão às Vossas ordens, para perseguirem e combaterem os demônios por toda a parte, precipitando-os no abismo.
A Mãe de Deus é para todos os homens a doçura. Com Ela e por Ela, não temos temor. Ela é nossa Mãe plena de doçura. Por isso São Luís de Montfort lembra que, se Jesus é nosso Redentor e nosso apoio, ela, por ser nossa mãe, será sempre nossa força. (Vós sois, ó Virgem Mãe. depois de Deus, o meu apoio).  
Forma que devemos agir nesta virtude: Entendamos a doçura é uma coragem sem violência, uma força sem dureza, um amor sem cólera. A doçura é antes de tudo uma paz, real ou desejada. É o contrário da guerra, da crueldade, da brutalidade, da agressividade, da violência… Mesmo havendo angústia e sofrimento, pode haver doçura. , mas sempre desprovida de ódio, de dureza, de insensibilidade…
Devemos então, por doçura, pregar a não violência. Entretanto, lembre-se... "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares". (Ef 6,12)

Sua Caridade para com o Próximo
O amor para com Deus e para com o próximo nos é imposto pelo mesmo preceito: “E nós temos de Deus este mandamento que o que ama a Deus ame também o seu irmão” (1 Jo 4, 21). S. Tomás dá-nos a razão: Quem ama a Deus ama todas as coisas amadas por ele. Disse um dia S. Catarina de Sena: Meu Deus quereis que eu ame ao próximo e só a vós eu posso amar. Ao que lhe respondeu o Senhor: Quem me ama também ama tudo aquilo que é amado por mim. Ora, como nunca houve, nem haverá quem ame a Deus mais do que Maria, tão pouco nunca houve, nem haverá quem mais do que ela ame ao próximo.
Lemos nos Cânticos: O rei Salomão fez um trono portátil de madeira do Líbano...; por dentro, ornou-o do que há de mais precioso, um mimo das filhas de Jerusalém (3, 9 e 10)
Sobre o texto observa Cornélio a Lápide que o trono portátil é o seio de Maria, no qual habitou o Filho de Deus, enchendo de caridade sua divina Mãe, a fim de que ela valesse, com isso, a todos que a implorassem.
Passou Maria uma vida tão cheia de caridade que socorria aos necessitados, ainda quando não lhe pediam solícito auxílio. Assim o fez, por exemplo, nas bodas de Caná. Com as palavras “Eles não têm vinho”, rogou ao Filho livrasse milagrosamente os esposos do inevitável vexame. Quão pressurosa era, quando se tratava de socorrer ao próximo! Quando, movida pelo dever de caridade, foi assistir Isabel, diz o Evangelho que então “teve pressa em passar pelas montanhas”. Mais brilhante prova dessa grande caridade não nos pôde dar, do que oferecendo seu Filho à morte pela nossa salvação. Tanto amou o mundo, que, para salvá-lo, entregou à morte Jesus, o seu Filho Unigênito, diz um texto atribuído a S. Boa ventura. De onde assim lhe fala S. Anselmo: Ó bendita entre as mulheres, tu excedes aos anjos em pureza, e aos santos em compaixão.
Nem diminuiu esse amor de Maria para conosco, agora que nos céus se encontra; tornou-se, pelo contrário, muito maior, escreve Conrado de Saxônia, porque agora conhece mais claramente a miséria humana.
Também o anjo declarou a S. Brígida que não há quem recorra a Maria sem receber graças de sua caridade. Pobres de nós, se em nosso favor faltasse à intercessão de Maria! Sem os rogos de minha Mãe, disse Jesus a S. Brígida, não haveria esperança de perdão para os pecadores.
Bem-aventurado aquele, diz a Mãe de Deus, que ouve a minha doutrina e observa a minha caridade, para desse modo aprender de mim. “Bem-aventurado o homem que me ouve e que vela todos os dias à entrada de minha casa, e que está feito espia as ombreiras de minha porta” (Pr 8, 34).
Para captar a estima de Maria, melhor meio não há, diz S. Gregório Nazianzeno, do que usar de caridade para com o próximo. Exorta-nos o Senhor: Sede misericordiosos, assim como também vosso Pai é misericordioso (Lc 6, 36). Assim parece que Maria diz também a seus filhos: Sede misericordiosos, como também vossa Mãe é misericordiosa. E é certo que Deus e Maria usarão conosco da mesma caridade que usarmos com o nosso próximo. “Dai aos pobres, e dar-se-vos-á... Porque com aquela mesma medida com que tiverdes medido, se vos há de medir a vós” (Lc 6,38). Insiste, pois, S. Metódio: Dai aos pobres e recebereis o paraíso em troca. Escreveu igualmente o apóstolo, que a caridade para com o próximo nos torna felizes nesta e na outra vida. “A piedade, porém, a tudo é útil, abrangendo a promessa da vida presente e da futura” (1 Tm 4, 8). Lemos no livro dos Provérbios: O que se compadece do pobre dá o seu dinheiro a juros ao Senhor (19, 17). Explicando essa passagem, diz S. João Crisóstomo: Quem ajuda ao pobre tem a Deus por devedor.
Ó Mãe de misericórdia, sois cheia de caridade para com todos: não vos esqueçais das minhas misérias. Vós bem as vedes. Encomendai-me àquele Deus que nada vos recusa. Obtende-me a graça de poder imitar-vos na santa caridade para com Deus e para com o próximo. Amém.

Sua Esperança
Da fé nasce a esperança. Pois Deus nos ilumina com a fé, fazendo-nos conhecer sua bondade e suas promessas, para que nos elevemos pela esperança ao desejo de possuí-lo. Possuindo Maria a virtude da fé por excelência, teve também, por excelência, a virtude da esperança. Bem podia dizer com Davi: Para mim a felicidade é apegar-me a Deus, pôr no Senhor Deus a minha esperança (Sl 22, 28). Maria foi a fiel esposa do Espírito Santo, aplaudida nos Cânticos: Quem é esta que sobe do deserto inundando delícias, e firmada sobre o seu amado? (8, 5). Sobre o texto diz o Cardeal Algrino: “Maria foi sempre e totalmente desapegada dos afetos do mundo, que lhe passava por um deserto. Não confiava nem nas criaturas, nem nos próprios merecimentos, mas só contava com a graça divina, na qual estava toda a sua confiança. E assim se adiantou cada vez mais no amor de seu Deus”.
Mostrou, de fato, a Santíssima Virgem quanto lhe era grande essa confiança em Deus, primeiramente ao ver a perplexidade de S. José, seu esposo, que, ignorando a misteriosa maternidade de sua esposa, pensava em deixá-la.
Parecia, então, como já consideramos, ser necessário que lhe revelasse o oculto mistério. Entretanto ela não quis manifestar por si mesma a graça recebida, diz Cornélio a Lápide. Preferiu abandonar-se à Providência divina, na certeza de que o próprio Deus viria defender-lhe a inocência e a reputação.
Provou ainda sua confiança em Deus quando, próxima ao parto, se viu em Belém, expulsa até da hospedaria dos pobres, e reduzida a dar à luz numa estrebaria. “E o reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2, 7). Nem a menor queixa lhe escapou dos lábios. Abandonou-se pelo contrário, completamente nas mãos de Deus e confiou que então a assistiria nesse transe.
Igual confiança mostrou também na Providência quando S. José a avisou de que era necessário fugir para o Egito. Ainda na mesma noite, partiu para a longa e penosa viagem a um país desconhecido, sem provisões, sem dinheiro e sem outro acompanhamento senão o do Menino Jesus e de seu pobre esposo. “E levantando-se, José tomou consigo, ainda noite, o Menino e sua Mãe e retirou-se para o Egito” (Mt 2, 14).
Melhor ainda demonstrou, porém, sua confiança, quando pediu ao Filho o milagre do vinho em favor dos esposos de Caná. Disse-lhe apenas: Eles não têm vinho. Ao que respondeu Jesus: Que nos importa isso, a mim e a ti? Minha hora ainda não chegou (Jo 2, 4). Apesar da aparente repulsa, confiada na divina bondade, ordenou a Virgem aos servos que fizessem resolutamente o que lhes ordenasse o Filho. Pois era garantida a graça rogada. Com efeito, Cristo Senhor mandou encher com água os vasos e depois a mudou em vinho.
Aprendamos, portanto, de Maria, como ter esperança em Deus, principalmente no grande assunto da salvação eterna.
Para resolvê-lo, é indispensável a nossa cooperação; contudo só de Deus devemos esperar a graça para consegui-lo. Desconfiando de nossas próprias forças, devemos dizer com o apóstolo: Tudo posso naquele que me fortifica (Fl 4, 13).

Prudência e Justiça
A prudência em Maria dirigia todos os seus atos para o fim último sobrenatural, sem qualquer desvio. A Igreja A chama Virgo Prudentíssima.
“ A justiça, Ela a exerceu evitando toda falta contrária a esta virtude, observando todas as prescrições da lei, mesmo a da purificação, quando não tinha nenhuma necessidade de ser purificada, e ordenando toda a sua vida para o bem maior de seu povo e da humanidade a ser regenerada.

Fortaleza
“A força ou a firmeza da alma que não se podia deixar abater pelos maiores perigos, pelos quais duros trabalhos e pelas mais penosas aflições, apareceu em Maria num grau não menos eminente, sobretudo durante toda a Paixão do Salvador, quando Ela permaneceu de pé junto à Cruz sem desfalecer, segundo o testemunho de São João (XIX, 25). Sabe-se que Caetano escreveu um opúsculo De spasmo Virginis, contra a opinião segundo a qual Maria teria desmaiado no caminho do Calvário. Medina, Tolet, Suárez, e o conjunto de teólogos, rejeitaram igualmente esta opinião.
“ A Santíssima Virgem foi sustentada pelas inspirações do dom de fortaleza, a ponto de merecer, pelo martírio do coração, o título de Rainha dos mártires, pois interiormente participou das dores de seu Filho, mais profundamente e mais generosamente que todos os mártires em seus tormentos exteriores. É o que a Igreja rememora na festa da Compaixão da Santíssima Virgem, e na das Sete Dores de Nossa Senhora, particularmente no Stabat, onde soa: "De Cristo que eu carregue a morte, suas chagas a venerar e de sua paixão seja consorte. De suas chagas seja eu ferido, da cruz inebriado, e do sangue de vosso Filho".
É o mais alto grau da força, da paciência e da magnanimidade ou grandeza de alma, na mais extrema aflição.

Sua Pobreza
Nosso amoroso Redentor, para ensinar-nos a desprezar os bens do mundo, quis viver pobre na terra. “Por vosso amor Cristo se fez pobre, a fim de que vós fôsseis ricos” (2 Cor 8, 9). Daí a exortação do Senhor a quantos o querem seguir: Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres (Mt 19, 21). Maria, sua mais perfeita discípula, também lhe quis seguir o conselho.
Com a herança de seus pais, teria ela podido viver folgadamente, como prova S. Pedro Canísio. Preferiu no entanto ser pobre, muito pouco reservando para si e o mais distribuindo em esmolas ao templo e aos pobres. Afirmam muitos autores que a Virgem fez voto de pobreza. De fato, nas revelações de S. Brígida lemos estas palavras de Maria: Desde o começo prometi a meu Senhor nada possuir neste mundo: Não deviam certamente ter pouco valor os presentes dos Santos Magos. Fê-los, porém, a Senhora repartir com os pobres, pelas mãos de S. José, conforme atesta S. Antonino. Que os distribuiu imediatamente, prova-o a oferta que trouxe quando da apresentação no templo. Não ofertou o cordeiro, que era o presente dos ricos, imposto pelo Levítico, mas as duas rolas ou pombas, oferta dos pobres (Lc 2, 24). O que possuía — disse a Virgem Santíssima a S. Brígida — dei-o aos pobres; só guardei o indispensável para vestir e comer.
Por amor à pobreza também não recusou desposar um pobre carpinteiro, qual foi S. José; sustentou-se por isso com o trabalho de suas mãos, fiando ou cosendo, como escreveu Boaventura Baduário
Conforme as palavras do anjo a S. Brígida, os bens deste mundo não valiam para Nossa Senhora mais do que cisco. Em suma, ela viveu sempre pobre e pobre morreu. Pois não se sabe que por sua morte deixasse outra coisa, senão duas pobres vestes a duas mulheres que a tinham assistido durante a vida, como referem Nicéforo e Metafrasto.
De S. Filipe Néri é a sentença que diz: Aquele que ama as riquezas nunca há de ser Santo.
E quem anda atrás das coisas perdidas, acrescenta S. Teresa, também se perde. Pelo contrário, na sua opinião, a virtude da pobreza é um bem que encerra todos os outros bens. Eu digo a virtude da pobreza, porque esta, segundo S. Bernardo, não consiste somente em ser pobre, mas em amar a pobreza. Por isso Jesus Cristo exclamou: Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus (Mt 5, 3). Bem-aventurado porque em Deus encontra todos os bens, quem só a ele quer. Sim, encontra na pobreza o paraíso na terra, como S. Francisco de Assis o dizia: Meu Deus e meu tudo! Amemos, pois, esse único bem, em que todos os bens estão encerrados, aconselha-nos S. Agostinho. Só peçamos ao Senhor seu santo amor, a exemplo de S. Inácio: Dá-me, Senhor, tua graça e teu amor e eu serei mais do que rico. Se nos afligir a pobreza, consolo nos seja o pensamento de Conrado de Saxônia, de que pobres como nós foram também Jesus e Maria.
Ah! Minha Mãe Santíssima, bem razão tínheis de dizer, que em Deus estava a vossa alegria. Pois neste mundo não ambicionastes, nem amastes a outro bem, senão a Deus. Ó Senhora minha, desapegai-me do mundo, e atraí-me para vós, a fim de que eu ame esse Bem único, que merece ser amado unicamente.

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